Minha principal preocupação com a adaptação de O Hobbit para o cinema é justamente o oposto da minha preocupação com a do Senhor dos Anéis. Enquanto a primeira adaptação cinematográfica da obra de Tolkien tinha o desafio de condensar muita história em três filmes, O Hobbit tem que preencher três filmes com a história de apenas um livro. Enquanto se percebe claramente que a história foi "esticada" em Uma Jornada Inesperada, a genialidade de Jackson apenas faz com que o espectador note isso como um cuidado a mais num relato que não deixa nenhum detalhe passar em branco.
A cena de abertura não perde em nada quando comparada com a abertura épica de A Sociedade do Anel. O filme tem um visual um pouco mais lúdico do que os filmes anteriores e isso representa um grande respeito ao espírito original da história, notoriamente direcionada a um pública mais jovem do que o Senhor dos Anéis.
A trama se passa 60 anos antes da história de A Sociedade do Anel e conta a jornada da companhia de anões comandada por Thorin Escudo de Carvalho e sua missão de recuperar o reino anão de Erebor que foi destruído e teve todos os seus tesouros roubados pelo dragão Smaug. Aconselhado pelo mago Gandalf, Thorin resolve solicitar a ajuda do até então pacato hobbit Bilbo Bolseiro.
O filme é repleto de pequenos momentos que se relacionam profundamente com a trama de o Senhor dos Anéis, mas consegue ter valor próprio. Jackson demonstra mais uma vez que não sofre da síndrome de George Lucas e consegue igualar grandes espetáculos visuais com interpretações sólidas de seus atores. Aqui ele é especialmente feliz pois as melhores interpretações são as dos três atores mais importantes para a trama. Martin Freeman como Bilbo, Ian McKellen como Gandalf e Richard Armitage que interpreta Thorin entregam as melhores interpretações do longa metragem que tem 2 horas e 46 minutos.
McKellen é especialmente feliz no resultado pois consegue sutilmente mostrar um Gandalf ainda inalterado pelos eventos do Senhor dos Anéis, se mostrando um pouco menos sábio e mais inseguro e sugerindo novas nuances para um personagem que já parece um membro da família para os fãs da trilogia original.
A trilha sonora é um espetáculo à parte. Howard Shore dá um show do início ao fim. O tema dos anões é facilmente identificável, simples e bonito e todos os temas novos são próximos o suficiente dos temais originais para que sejam imediatamente reconhecidos como a trilha da Terra Média.
Hobbit é declaradamente uma aventura e cumpre sua função como filme de uma trilogia assinada por Jackson: deixar o espectador esperando por mais.
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