Mais uma vez, a convite do Clube do Assinante ZH, o Cinema Sem Frescura marcou presença na pré-estreia do filme X-Men - Primeira Classe, no CineSystem do Shopping Total, em Porto Alegre, com exclusividade. O filme estreia sexta-feira nos cinemas:
X-Men - Primeira Classe me deixou perplexo, antes mesmo de entrar no cinema. Se o filme fosse ruim, tudo bem, não é sempre que esperamos muita coisa do quarto capítulo de uma franquia (quinto se contarmos X-Men Origins - Wolverine). Se somarmos o fato de o filme ser uma prequel, sem os mesmos atores e sem o mesmo diretor, aí certamente estaríamos olhando para a receita de um filme ruim. Mas, se por outro lado, se o filme fosse bom... Qual a utilidade de uma quinta parte boa, quando "O Confronto Final" e "Origins - Wolverine" destruíram a franquia? De fato o "Primeira Classe" teria de ser muito bom para dar um novo fôlego aos mutantes. Bom, o filme é esse nível de "bom".
Ele não apenas se sustenta como um bom filme, como também cumpre a principal função de uma "prequel" (o que raramente é feito por outros filmes): explica o passado dos personagens e nos faz olhar os filmes anteriores de forma mais interessante. Desde questões fundamentais como a amizade e conflito entre Magneto e Xavier, até como os mutantes se tornaram conhecidos pela sociedade em geral são respondidas pelo filme.
Esse é o quarto filme de Matthew Vaughn como diretor e ele tem um bom currículo (Kick-Ass, Stardust) e ele definitivamente faz jus a isso em X-Men - Primeira Classe. Vaughn fez escolhas acertadas como manter as mesmas imagens usadas por Bryan Singer para o prólogo de Magneto, isso mostra o comprometimento do filme com os melhores da série. O filme se passa na década de 60 e tem um visual que remete muito aos filmes de James Bond (especialmente Connery e Moore).
O fato que define o filme, na verdade, são as interpretações. Ian McKellen e Patrick Stewart são atores incríveis e ocupar o seu lugar é, definitivamente, uma tarefa difícil, porém Michael Fassbender e James McAvoy se superam na tarefa. O primeiro concentra toda a intensidade de Magneto em uma fúria mais física do que a sabedoria messiânica que vimos nos outros filmes. Porém fica evidente para o espectador que esse é o mesmo personagem de McKellen, apenas um pouco mais intenso. Já McAvoy faz um Xavier mais contido, exatamente dentro das linhas de Stewart, e é o contra-ponto perfeito para o Magneto de Fassbender. Cada um dá conta do recado em suas cenas individuais e sempre que eles contracenam juntos o filme se torna ótimo.
O elenco de apoio é bem melhor do que se esperaria de um filme dos X-Men. Conseguimos fugir aqui dos estereótipos que se apresentam, usam seu poder uma vez e já podem sair de cena. Ainda que alguns personagens realmente recebam pouco tempo de tela eles não são tratados apenas como recheio de um roteiro mal preenchido e você sente que de fato eles estão ali por uma razão e isso torna toda a premissa dos primeiros alunos de Charles Xavier mais interessante. Kevin Bacon é o melhor vilão da franquia até o momento, se desconsiderarmos Magneto.
Eu não vou falar sobre a história em si, pois não há como começar a fazer isso sem entregar alguns spoilers e, de fato, isso é desnecessário. O que é preciso dizer é que o roteiro, apesar do conteúdo fantástico, também utiliza bastante da história da Guerra Fria e não apresenta os mesmos erros lógicos de outros filmes que tentam isso. Um roteiro que faz sentido, mas não está livre de alguns erros de continuidade com os outros filmes da série.
No geral, X-Men - Primeira Classe cumpre bem ao que se propõe e é um filme bom por si só. Não é o melhor da série, mas está no mesmo nível e merece ser visto.
Um comentário:
Assisti ao filme só agora e preciso confessar: é melhor do que eu esperava, pelo menos, a trama e atuações são mais maduras que os primeiros filmes da franquia X-MEN.
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