27 de outubro de 2008

O Poderoso Chefão (The Godfather)


Se existe alguma religião baseada na idolatria à arte cinematográfica, um dos dogmas seria a obrigação de assistir a uma das parte de O Poderoso Chefão ao menos uma vez por mês. Os infiéis, que se negarem a assistir, estariam condenados a queimar no inferno!

Sim, o filme é, provavelmente, o melhor filme já feito na história, considerando suas três partes como uma única obra. A direção de Francis Ford Coppola é perfeita, a fotografia é fantástica e a atuação de todos os atores é inquestionável. O filme tornou-se referência para os gêneros que então surgiram, como filmes de máfia e gângsters, redes de intrigas, conflitos pessoais, reflexão sobre bem e mal.

Essa é a história que Mario Puzo escreveu: o drama de um homem, mau por natureza, mas que quer o bem para si e para sua família, sem perder o respeito. Talvez, pela 1ª e única vez, uma adaptação fílmica conseguiu ser melhor que o original literário.

O personagem de Al Pacino, Michael Corleone, é considerado um dos maiores vilões de todos os tempos na história do cinema, ao lado de personagens emblemáticos como Darth Vader (Guerra nas Estrelas) e  Dr. Hannibal (O Silêncio dos Inocentes), mas ele podia estar também na lista dos heróis. Dificilmente conseguimos ver sob esse ponto de vista, porque ele é mau até os ossos.

Após a morte se seu pai, Don Vito Corleone, Michael assume os negócios da família e torna-se o Don. Para se vingar daqueles que mataram seu pai, seu irmão e tentaram matá-lo ele inicia um banho de sangue, com a promessa de que irá limpar o nome da família. Manda matar seu cunhado, deixando sua irmã viúva, põe em risco inúmeras vezes a vida de pessoas ao seu redor antes da sua e, o pior de tudo, mandou matar o próprio irmão.

Seu objetivo sempre foi legalizar os negócios da família, a fim de dar um futuro melhor para seus filhos, mas ele precisava manter o poder e o respeito. No entanto, parece que a vida estava contra ele, sempre, pois todas as vezes que tentava sair da máfia, as demais famílias o puxavam de volta, sem deixar saída para ele que não fosse a guerra.

Quando se assiste 30 vezes o filme, é possível perceber o quanto Michael sofreu durante a vida para se libertar. Al Pacino parece ter sofrido junto. É questionável o que um homem faz pela sua vida, mas será que ele tinha outra alternativa? Assistam e tirem suas próprias conclusões. É esse poder que o Cinema tem de abalar e influenciar as nossas vidas que fez com que O Poderoso Chefão seja tema de estudos e debates em universidades de Direito, Sociologia e demais ciências humanas no mundo afora.

Algumas dicas para quem já assistiu algumas vezes é se dar conta de que alguns elementos estão presentes nas três parte. Todos iniciam com uma festa, criticam a hipocrisia da igreja católica com as atitudes de seus membros e seguidores; em cada filme, dois membros da família Corleone morrem, um de morte natural e outro assassinado; os atores são os mesmos desde o primeiro filme em cada personagem... entre tantos outros elementos que vamos percebendo.

Assistam ou queimem no inferno.

Esse vale a pena, sempre.

13 de outubro de 2008

As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, 2008)


Pacino e De Niro - Morte Certa (?)


Quando fiquei sabendo que estava para chegar aos cinemas um filme com Al Pacino e Robert De Niro, me empolguei. Sempre fui muito fã dos dois, desde de a trilogia O Poderoso Chefão, passando por Perfume de Mulher e Donny Brasco (com Pacino) e outras tanto com De Niro (Taxi Driver, Bons Companheiros, ...). Já assisti muita porcaria com os dois, mas eu estava ansioso pelo filme, me deixei levar pelo nome em inglês e pela sua tradução (imbecil) em português.

O filme conta a história de dois velhos policiais de New York, parceiros, que já não toleram mais os crimes hediondos. Logo no início do filme, o personagem de De Niro aparece num vídeo fazendo uma declaração de que durante sua carreira policial ele matou 14 pessoas e a história acompanha a narrativa deste vídeo mostrando os assassinatos, sempre com a voz de De Niro. Toda a trama, junto com a narração, te levam a acreditar que De Niro tronou-se um maníaco sociopata e matou aquelas pessoas, porque ele sempre foi o mais violento da dupla. Mas eram para ser mortes justificáveis, porque as pessoas assassinadas, eram crimonosos impunes. Ele estava limpando a cidade. No final [spoiler] a gente descobre que o matador era, na verdade, o personagem de Pacino. "ah! Que trouxa, ele contou o final..."

Essa virada no filme até que me surpreendeu, eu não esperava por isso ou perdi alguma coisa no início, mas eu estava acreditando mesmo que era o De Niro. Porém o que faz o filme ser fraco não é isso... O filme tem uma história fraca, a atuação de ambos está medíocre, não há as explosões de alteração de humor, clássicas de Al Pacino, nem o sarcasmo típico de De Niro. Mas o pior ainda é o motivo pelo qual levou o personagem de Pacino a realizar aqueles atos. Um desculpa furada, mas eu deixo para quem não viu ainda, descobrir.

Bem, sempre vale a pena conferir um filme de qualquer um dos dois, ainda mais se estiverem juntos.

6 de outubro de 2008

Rocky Balboa - Definitivo

O Garanhão Italiano de volta pela última vez

Seria este apelido (Italian Stallion) uma referência aos tempos em que o Stallone fazia filmes pornôs? Isso, na realidade, pouco importa. O que interessa é que, apesar de extremamente canastrão, Sylvester Stallone trabalhou duro e mereceu as indicações ao Oscar com Rocky, Um Lutador (1976).

Rocky
Este, que é o 1º da série, conta a história de um lutador de box amador, apaixonado pela Adrian, irmã do melhor amigo, Paulie. Por ser forte e valentão, trabalha como capanga de um gângster na Filadélfia, sua cidade. Quando menos espera, ele recebe a oferta de enfrentar o campeão mundial dos pesos-pesados, Apollo Creed, cuja imagem está desgastada junto à opinião pública, que considera suas vitórias arranjadas. Rocky dá tudo de si para provar que, mesmo que não ganhe a luta, ele pode ficar em pé até soar o último gongo. A mensagem do filme é "Você pode passar a vida inteira sendo um Zé Ninguém, mas se você tiver uma chance de vencer na vida, tem que agarrá-la com todas as suas forças e tentar".

Rocky II
O sucesso merecido do filme, tanto de bilheteria, como de premiações, rendeu o dever de prolongar para mais um título. A Revanche (1979), como sugere o nome, é a segunda luta entre Balboa e Creed. Mesmo sendo um south paw (canhoto), Rocky aprende com seu treinador, Mickey, a lutar como destro para confundir o adversário. Não tão bom quanto o primeiro, é uma sequência bem feita e emocionante.



Rocky III
Como tudo que é bom vem em trilogias, surge O Desavio Supremo (1982). Rocky, então campeão mundial, resolve se aposentar, mas se vê desafiado por Clubber Lang, um lutador violento, que deseja ter a mesma sorte que ele teve de conquistar o título mundial. Balboa aceita como última luta, mas perde o título e seu treinador, Mickey, vítima de um enfarte. Apollo Creed, aposentado, resolve treiná-lo e ainda lhe ensina alguns truques, pois não quer que aconteça com Rocky o que aconteceu com ele, perdeu o Olhar de Tigre (Eye of the Tiger). Nesse filme, o personagem de Stallone já é reconhecido fora das telas como um símbolo americano e o filho querido da Filadélfia. A música tema, feita pela banda Survivor, marcou gerações e emociona até hoje.

Rocky IV
Continuações de sucesso encontram limites para manter a qualidade. A saga de Balboa encontrou sua fossa em Rocky IV (1985). O filme foi feito, na verdade, para ilustrar o embate ideológico entre Estados Unidos e União Soviética, em função da Guerra Fria. O adversário russo, Drago, é superior em força e mata seu amigo, Apollo Creed, numa luta de exibição, que teve até show com James Brown. Não seria dessa vez que o Garanhão Italiano iria desabar. Rocky, quase morto na luta final, se ergue, de repente, e espanca o russo até que... os russos (lá na Rússia), começam a torcer para o americano, símbolo da força e da liberdade que eles não poderiam ter em um regime comunista. A obra é cheia de analogias com a propaganda política cinematográfica. O filme é muito pobre, tem poucos diálogos, muita música típica dos anos de 1980 e péssimas atuações.

Rocky V
Rocky V (1990) só não foi pior que seu antecessor. Este, que deveria ser o último, conta a história de quando Rocky finalmente se aposenta e começa a treinar um garoto cheio de fúria, o Tommy "Machine" Gunn. O rapaz é ambicioso e aceita ser agenciado por um mega empresário do boxe (clara referência ao Don King), traindo a confiança de Balboa. Rocky ainda têm conflitos pessoais com seu filho adolescente para resolver, mas no final fica tudo bem: ele dá uma surra no Tommy, faz as pazes com o filho e, apesar de Tommy ganhar o título mundial, todos ainda consideram Rocky o verdadeiro campeão invicto. O filme chamou atenção na época por Stallone ter convidado o lutador profissional Tommy Morrison para interpretar Gunn e escalado seu próprio filho Sage para interpretar o filho de Rocky... 

Rocky Balboa
Mas os fãs não estavam satisfeitos, o maior lutador de todos os tempos, um dos heróis americanos, não poderia deixar as grandes telas em uma de suas piores continuações. Foi então que o projeto de anos saiu da gaveta e, o já sessentão Balboa, resolve voltar ao ringue e trocar soquinhos com o atual campeão mundial, Mason 'The Line' Dixon. Nesta obra ele novamente convoca um profissional do boxe para interpretar seu adversário; o felizardo dessa vez foi Antonio Tarver, que deu vida a Dixon. Em Rocky Balboa (2006), Stallone está monstruosamente forte, fruto de tantos anabolizantes que toma para manter a forma. O filme, no entanton é adorável; relembra o sentimento do 1º Rocky: um cara simples, humilde, de bom coração, que só quer fazer o que gosta. Ele volta aos ringues e a plateia grita seu nome como se ele nunca tivesse se aposentado; gritam seu nome, como os fãs dos filmes gritaram durante décadas.

Quem gosta de boxe, TEM que assistir; quem gosta de Cinema é obrigado a ver Rocky, Um Lutador e aprender o que se pode fazer com poucos recursos. Lembrando que nenhum dos filmes é sobre pancadaria, não são filmes de ação, mas um drama sobre a necessidade humana de melhorar-se, progredir, evoluir.

Dificilmente teremos um novo Rocky com Satallone. Alguns boatos giram em torno de um remake, uma prequel ou até mesmo de uma história paralela, sobre o neto de Creed, treinado pelo Rocky. Independente disso, o material que temos hoje é rico o suficiente para sempre nos encantar e nos emocionar.

Curtam o trailer do último filme, abaixo.


ROCKY, ROCKY, ROCKY, ROCKY, ROCKY, ROCKY, ROCKY, ROCKY!

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