19 de julho de 2018

Os Incríveis 2

O cinema de 2004 era de outros tempos, onde os filmes baseado em super herói de HQ eram lançados de uma forma ainda esporádica e bem diferente do que se vê hoje em dia. Quando a Pixar lançou Os Incríveis naquele mesmo ano havia no filme um frescor de novidade, mesmo para aqueles acostumados a lerem um gibi, mas sentindo um sabor redobrado quando se enxergava na tela toda aquela aventura que representava tempos mais simples e dourados para os heróis mascarados. Passados quase quinze anos depois da primeira história, a família Pera retorna em uma mais nova aventura que, além de um elevado grau de nostalgia em cena, o filme redobra questões que vão desde a família, preconceito e liberdade.
Novamente dirigido por Brad Bird, o filme começa exatamente onde havia se encerrado aventura anteriormente. A família Pera novamente salva a cidade onde vivem, mas como a lei que proíbe super-herói agirem ainda vale, eles são obrigados novamente a ficarem escondidos da visão do público. Porém, um multimilionário dá a chance para que eles sejam reconhecidos pelo povo e que possam agir livremente, mas nem tudo é o que parece.
Assim como ocorreu no filme original, as atividades heroicas aqui ficam em alguns momentos em segundo plano e dando lugar aos problemas comuns do dia a dia em que a família Pera precisa enfrentar, desde o fato de Beto estar novamente desempregado, como também do Zezé estar cada vez mais usando os seus poderes. Porém, aqui os papeis se invertem, já que é Helena que vai agora combater o crime, para assim fazer com que os heróis voltem a ser legais e enquanto isso Beto cuida da casa e dos filhos.
Basicamente Brad Bird faz aqui uma espécie de releitura do primeiro filme, mas atualizando algumas questões debatidas nos dias de hoje, desde o fortalecimento dos movimentos feministas como também sobre a questão de determinados grupos de pessoas que até hoje sofrem preconceito. Mas o filme vai mais além, pois coloca em debate sobre qual seria o real papel dos políticos de hoje que, ao invés de ajudar o povo, criam leis que os prejudicam. Em tempos retrógrados que acontecem hoje no Brasil e no mundo, os realizadores da Pixar parecem bem sintonizados com relação ao que está acontecendo.
Mas se por um lado essas questões são mais para atrair o público adulto, em contra partida, os pequenos não ficaram desapontados, pois ação é a palavra chave em termos de entretenimento desse filme. Assim como acorreu no filme original, Brad Bird cria um visual retro, cartunesco, do qual enche os nossos olhos e se casando com perfeição com as cenas de ação vertiginosas e animalescas. Atenção para as sequências de ação protagonizadas pela Mulher Elástica em cima de uma moto que é, desde já, uma das melhores desse ano.
Além da ação garantida, aguarde também por momentos de humor protagonizados pelo Pera, já que cuidar da casa e dos filhos acaba se tornando muito mais desafiador do que enfrentar meros bandidos. E se por um lado o divertido Gelado (voz de Samuel Le Jackson) tem uma participação aumentada, a cativante Edna Moda tem presença reduzida, mas ao mesmo tempo relevante num determinado momento da história. Infelizmente o filme sofre pela falta de um vilão mais complexo do que foi visto no filme original, sendo que ele serve na trama mais como desafio e desculpa para que a maioria dos heróis saia das sombras.
Mesmo com esse deslize, Os Incríveis 2 é um indispensável filme para toda a  família, onde questões contemporâneas e boa aventura andam sempre em boa sintonia. 
 

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