O grande problema dos
filmes da franquia Jurassic Park é deles sofrerem com as comparações ao
clássico de 1993. Steven Spielberg criou na época um verdadeiro filme evento,
do qual os efeitos visuais se tornaram revolucionários e fortalecendo a ideia
da verossimilhança dentro do gênero fantástico. Após um segundo filme (O Mundo
Perdido) que não havia chegado aos pés do seu antecessor, e de um apenas “ok”
terceiro filme, a franquia se fortaleceu de uma forma surpreendente em Jurassic
Wold, um filme carregado de nostalgia e que fez os fãs voltarem a respeitar a
franquia.
Mas também não
adianta resgatar o que havia dado certo no passado e não tentar arriscar por
algo novo. Talvez isso tenha passado na cabeça dos produtores, ao dar
continuidade aos eventos do filme anterior, mas lançando um olhar mais autoral
e sombrio para Jurassic World: Reino Ameaçado. A responsabilidade caiu nos
braços de Juan Antonio Bayona, diretor apadrinhado por Guilherme Del Toro, que
havia chamado atenção no ótimo filme de horror O Orfanato e surpreendo no filme
catástrofe O Impossível.
A trama se passa
cinco anos após os eventos do filme anterior, onde o parque acabou sendo
evacuado e deixando os dinossauros dominarem tudo. Porém, um vulcão entra em
erupção e ameaçando a vida de todos os dinos que se encontram por lá. Cabe o
esforço de Nick (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) de retornarem a ilha
e de tentar salvar o máximo que for possível de dinossauros, mas tendo homens
gananciosos como obstáculos durante o caminho.
Basicamente, o filme
é uma releitura melhorada do segundo filme da franquia, mas sendo ainda mais
sombrio e com momentos de puro terror. Não que Juan Antonio Bayona tenha
exagerado na dose, muito pelo contrário, mas ele acaba usando os velhos
artifícios de luz e sombras e criando um clima até mesmo gótico. Imagine o
clássico de 1993 tendo sido dirigido pelo estúdio colorido Marvel e esse tendo
sido dirigido pela Warner/DC que faz dos seus filmes com um teor mais adulto
que daí vocês terão uma ideia do que eu estou dizendo.
E se num primeiro
momento o retorno do personagem Iam Malcolm (Jeff Goldblum) é festejado pelos
nostálgicos, por outro, muitos ficarão chocados pelo seu posicionamento com
relação ao destino dos dinossauros da ilha. O caso que o filme é mais
ecologicamente correto da franquia, mas ao mesmo tempo, tocando em assuntos
espinhosos sobre o papel do homem perante criar ou não tais criaturas que foram
dadas e tiradas pela natureza. Cabe o homem escolher em salvar o que havia
recriado? Ou deixar que a natureza cuide disso?
Em meio a esses
dilemas o filme novamente nos brinda com boas cenas de ação, mesmo quando elas
soem um tanto que exageradas. Se no clássico de 1993 havia uma preocupação em
nos passar realismo, aqui isso se distancia um pouco no momento em que os
dinossauros saem da ilha e adentram num cenário até então inédito. Porém, é de
se tirar o chapéu para o cineasta em ter conseguido criar cenas absurdas, mas
das quais nos prende na cadeira: atenção para a cena em que os protagonistas
precisam tirar sangue do T Rex.
Em meio essa
tentativa de inovar a franquia, ao mesmo tempo, o filme por pouco não descamba
para o velho clichê de humanos malvados sedentos por dinheiro. Claro que não
precisamos ser gênios para saber que tudo irá dar errado e á maioria dos vilões
irão terminar como almoço para os dinos. E se por um lado a ideia de se criar
um dinossauro novo através de experimentos já esta mais do que batido, por
outro, o segredo que se encontra na jovem personagem Maisie (Isabella Sermon)
se revela a maior surpresa da trama, mesmo quando a fórmula já foi vista e
revista em outras franquias.
Com a participação especial
de Geraldine Chaplin, Jurassic World: Reino Ameaçado é um filme que transita
entre o clichê e a inovação e criando novos rumos para os dinos numa eventual
futura aventura.