25 de janeiro de 2017

DICA DE CINEMA: ARMAS NA MESA


Indicada ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz de drama pelo papel em “Armas na Mesa” (Miss Sloane), Jessica Chastain estará de volta aos cinemas brasileiros a partir de 2 de fevereiro, quando o thriller dramático ganha estreia nacional.

Dirigido por John Madden, de “Shakespeare Apaixonado”, “Armas na Mesa” retrata a difícil missão da poderosa lobista Elizabeth Sloane (Jessica Chastain): liderar a luta pelo controle de armas nos Estados Unidos, diante de ações de interesses particulares que beneficiam políticos e um grupo de lobistas. Apoiada por Rodolfo Schmidt (Mark Strong) e pela assistente Esme Manucharian (Gugu Mbatha-Raw), Elizabeth arquiteta estratégias de antecipação e cria um ambiente hostil aos homens mais poderosos do Congresso norte-americano. Na trama, o limite de sua influência é testado com medidas que confrontam até mesmo seus aliados.

Sinopse
Elizabeth Sloane (Jessica Chastain) é a mais procurada e formidável lobista em Washington, D.C. Conhecida igualmente por sua astúcia e seu histórico de sucesso, ela sempre fez o que era necessário para vencer. Quando ela enfrenta o adversário mais poderoso de seu meio, ela percebe que ganhar pode custar um preço muito alto.

24 de janeiro de 2017

La La Land - Cantando Estações

Para mim, pelo menos, Whiplash: Em Busca da Perfeição, está entre os melhores filmes dos últimos dez anos. Mesmo com pouca idade, o cineasta Damien Chazelle fez um trabalho de veterano, onde a dualidade entre professor e aluno, faz com que a obra tenha alma própria. Embora não tenha a mesma magnitude, La La Land - Cantando Estações é uma carta de amor a era de ouro do cinema e uma bela homenagem ao universo do jazz.
O filme começa num dia ensolarado, mais precisamente em uma rodovia que dá para Los Angeles, a cidade para aqueles que procuram o estrelismo. Em meio a esse transito, há Mia (Emma Stone) uma garçonete que participa sempre de testes para elenco e Sebastian (Ryan Gosling) um pianista do jazz, que sonha inaugurar sua própria casa noturna e da qual ficará sempre tocando sua amada música. Ambos acabam se cruzando no decorrer do tempo e iniciando uma história de amor, em meio a desejos, sonhos e obstáculos.
Nos últimos tempos, os estúdios americanos têm tentado revisitar o bom e velho cinema de antigamente como, por exemplo, O Artista e A Invenção de Hugo Cabret, onde retratam um período em que a sétima arte estava a recém engatinhando. Embora não seja um filme que retrate esse período, La La Land usa todos os ingredientes de como se fazia um bom cinema, onde os velhos artifícios possuíam alma e não dependia tanto da área tecnológica. O resultado é um filme nostálgico, onde emana um período mais inocente e do qual os sonhos pareciam ser mais fáceis de serem realizados.
Com uma fotografia de cores quentes, alinhado com uma montagem elegante e com  planos sequências arrebatadores, faz da Los Angeles de hoje vista no filme se transformar numa cidade como ela era antigamente,  como se ela jamais tivesse mudado, mesmo com todas as mudanças ao longo das décadas. Talvez a magia do musical, do qual está espalhado em todo o decorrer do filme, faz com que aceitemos facilmente essa proposta do roteiro, já que ás músicas nos empolga no princípio, mesmo que a maioria das letras a gente não se lembre muito quando saímos da sala. Porém, a trilha sonora instrumental da obra quando tocada, principalmente quando o casal central se encontra em cena, é aquele tipo de trilha da qual ficamos cantarolando após a sessão.
Claro que, embora com toda essa criatividade vinda da parte técnica, o filme não funcionária se o casal central não convencesse em cena. Mas eles não só nos convencem, como também torcemos por eles, mesmo quando advínhamos o que acontecerá em seguida. Por ser uma trama simples, o segundo e terceiro ato final acabam soando um tanto que previsíveis, mas tudo sendo contornado por uma boa direção, técnicas de filmagens impecáveis e um casal central dando tudo de si.
A química de Emma Stone (Birdman) e Ryan Gosling (Drive) é ótima em cena, seja quando ambos estão dialogando ou simplesmente dançando e sabendo seguir o ritmo um do outro. Tendo trabalhado juntos em filmes como Caça aos Gângsteres, Stone e Gosling já haviam provado boa parceria juntos, mas nunca em um grau tamanho como esse e nos brindando em cenas inesquecíveis: a sequência de ambos no planetário (homenagem explicita a Juventude Transviada) talvez seja o ápice do filme como um todo.
Com belas homenagens que vão desde Casablanca, Cantando na Chuva e até mesmo Oito e Meio, La La Land - Cantando Estações pode até não mudar a vida de ninguém, mas consegue o feito de nos transportar para um conto, do qual a realidade é cheia de cores e que a chave para a felicidade pode estar muito mais perto do que se imagina. 
 

5 de janeiro de 2017

ANIMAIS NOTURNOS

Sempre quando eu vou participar dos cursos de cinema do Cine Um, por exemplo, há sempre alguns vídeos interessantes para serem vistos na tela antes da atividade. Em um desses há um curioso, onde mostra o primeiro plano de determinados filmes clássicos e de como eles se casam com o seu plano final. Em Animais Noturnos, as primeiras cenas são impactantes, das quais nos deixa desconfortáveis, mas que ao mesmo tempo, tem tudo a ver com os momentos finais da obra e isso já é um grande feito.
Dirigido por Tom Ford (Direito de Amar) o filme é baseado  no livro Tony and Susan, de Austin Wright e que conta a história de Susan (Amy Adams), mulher bem sucedida na vida, mas que vive melancólica com o seu casamento desastroso. Certo dia ela recebe um livro do seu ex-marido (Jake Gyllenhaal) do qual começa a ler. Imediatamente a trama se direciona justamente dentro da trama do livro, onde acompanhamos um pai de família (também interpretado por Jake Gyllenhaal), cujas férias terminam de forma violenta e o caso acaba sendo investigado por um policial (Michael Shannon).
Conhecido pelo universo da moda, Tom Ford surpreende ao demonstrar total segurança na direção e ao mesmo tempo dando verdadeira aula de como se cria um cinema autoral. Se no direito de Amar ele já havia começado bem, aqui ele se comporta na cadeira de cineasta como um verdadeiro veterano e nos brindando com um filme tenso, sombrio e cheio de significados. A trama dentro da trama pode até não ser novidade no cinema, mas ao mesmo tempo, ela serve como uma espécie de representação dos atos e consequências dos personagens principais em cena e que os levam a um caminho sem volta.
Diferente do que se imagina, a trama mostrada dentro do livro acaba se tornando o foco principal, pois é nela que se encontra todo o momento dos quais farão o cinéfilo se grudar na cadeira e se perguntar o que virá em seguida. Na realidade, a trama do livro dentro da história, pode ser interpretada como uma forma da qual um determinado personagem da trama procurou saber expressar os seus sentimentos devido a um passado que lhe deixou em pedaços. E se num primeiro momento a trama dentro da trama não faz sentido, o roteiro se encarrega de amarrar as pontas soltas e fazer com que o ato final termine de uma forma esclarecedora e imprevisível.
Além de uma trilha, montagem e fotografia que remetem um belo filme policial de antigamente, Tom Ford foi feliz ao escolher o seu elenco, do qual cada um dá um verdadeiro show em cena. Se Emy Adams já havia surpreendido no recente A Chegada, aqui ela passa uma personagem com conflitos internos e que não sabe qual o caminho trilhar depois de ter escolhido caminhos errôneos pela vida. E se  Jake Gyllenhaal novamente nos brinda com uma interpretação eficaz, ouso dizer que Michael Shannon nos apresenta aqui o melhor desempenho de sua carreira, pois ele simplesmente rouba a cena toda vez que surge com o seu trágico personagem e que acaba se tornando o mais fascinante de toda a trama.
Resumidamente, Animais Noturnos é um filme de escolhas e de suas consequências. Ao  retratar o pior do ser humano do mundo contemporâneo, ele acaba escancarando um mundo cada vez mais  moldado pela hipocrisia, atos inconsequentes e por um conservadorismo pálido perante as mudanças que sempre ocorrem no dia a dia da sociedade. Uma vez que cada um dos personagens comete um ato imprevisível, ao mesmo tempo escolheram uma rota de colisão do qual gerará cicatrizes permanentes e que, talvez, a palavra perdão não seja o suficiente.
Com um final em aberto em bem anti-hollywoodiano, Animais Noturnos é um belo e poderosíssimo filme, do qual fará as pessoas pensarem e ao mesmo tempo se perguntarem sobre o destino de cada um dos seus personagens que se encontram perdidos em suas próprias vidas.  


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