No final dos anos 70, e início dos anos 80,
Steven Spielberg era sinônimo de aventura e magia que, ao lado de George Lucas,
foi o responsável pelo renascimento das super produções em território americano
e que dominaria por inúmeros anos nas bilheterias. Quando chegaram os anos 90, o cineasta
começou a se enveredar por um cinema mais sério, mas que somente aumentou o seu
status de grande cineasta e também produtor de inúmeros sucessos. O Bom Gigante
Amigo resgata um pouco desse lado inocente do cineasta que estava um tanto que
adormecido nos últimos anos e a meu ver é mais do que bem vindo.
Baseado na obra de
Roald Dahl acompanhamos as aventuras da pequena órfã Sophie (Ruby Barnhill) que
numa determinada noite em Londres, é levada por um gigante (Mark Rylance, de
Ponte dos Espiões). Ao ser levado por ele, Sophie acaba conhecendo um ponto
desconhecido do mundo, onde há gigantes e magias em abundância. No decorrer do
tempo, ambos criam uma forte amizade, mas ao mesmo tempo terão problemas com os
demais gigantes.
Ao assistir a esse
filme, temos a ligeira impressão que nós já vimos ele antes, mas isso é
proposital, já que o filme carrega uma aura de nostalgia e nos fazer relembrar
das boas coisas que eram quando nós éramos crianças. Quem viveu nos anos 80,
perceberá uma estética e uma trama mais inocente, como se o filme estivesse
guardado nos últimos trinta anos, mas que somente agora podemos realmente
vê-lo. É o Steven Spielberg jovem dos tempos em que dirigia Indiana Jones e
produzia Os Goonies, mas auxiliado com os mais avançados efeitos visuais de
hoje.
Falando neles, é
impressionante a construção dos cenários e da criação dos personagens digitais.
Assim como em inúmeros filmes (como a trilogia O Senhor dos Anéis), o Bom
Gigante Amigo aqui não é meramente um personagem digital, mas sim há um ator de
verdade em cena dando os movimentos e expressões faciais. Interpretado por Mark
Rylance, O Gigante Amigo acaba se tornando o coração do filme, pois os seus
movimentos, expressões, e acima de tudo, boa interpretação do ator, faz nos
convencer que realmente vemos um gigante contracenando com uma menina.
Falando na pequena,
Ruby Barnhill se sai muito bem como Sophie e sua atuação em meio a inúmeros
efeitos visuais acaba soando convincentes. Por vezes, ela lembra a primeira
aparição de Harry Potter no cinema, já que ela é uma criança do mundo real, mas
que ao mesmo tempo se depara com algo que acreditava que somente existia nos
livros de aventura dos quais ela lia. O que poderia então soar artificial,
acaba nos impressionando, graças a um cuidado técnico e perfeccionismo puro
vindo do cineasta.
Falando em
perfeccionismo, a cena em que ambos os personagens visitam a lagoa dos sonhos é
sem sombra de dúvida o momento mais belo do filme. Com um 3D que nos faz entrar
na cena, o lago é um verdadeiro show de luzes e onde as regras da física são quebradas
e dando lugar a uma realidade em que tudo é possível. Tudo muito bem moldado e
se casando muito bem com a trilha sonora que, aliás, é composto pelo velho
companheiro de Spielberg, o veterano compositor John Williams.
Embora com um final
em que tudo se revolva de uma forma até fácil demais, O Bom Gigante Amigo é um
filme gostoso de assistir e que irá agradar toda a família, principalmente os
pequenos que sentiram um pouco da magia que os pais curtiam de uma época mais
nostálgica e inocente dos anos 80.
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