11 de agosto de 2016

ESQUADRÃO SUICIDA



Ótimos trailers, visual pop e uma trilha sonora que faz qualquer um correr para baixar na internet. Foi assim ao longo dos meses em que a Warner/DC vendeu Esquadrão Suicida, filme que conta com a formação de vilões para missões suicidas, mas que só com essa premissa já vendia o filme de bom grado. O problema é que os fãs de HQ, mais os fãs que nasceram assistindo e curtindo o material promocional, criaram tanta expectativa com relação a esse filme que muitos podem se decepcionar com o resultado final da obra, mas não significa que seja uma bomba.
Dirigido por David Ayer (do ótimo Corações de Ferro), o filme já começa muito bem, ao nos apresentar cada um dos personagens através de um criativo flashback, onde o 3D, aliás, cumpre muito bem o seu propósito. Através das palavras, e dona iniciativa esquadrão X, Amanda Waller (Viola Davis, ótima), podemos conferir um pouco as motivações de cada um dos personagens e do por que deles terem ido atrás das grades. Claro que estamos falando de inúmeros personagens e nem todos claro, puderam ter o seu espaço necessário para ser mais bem desenvolvido.
Desses flashbacks, se destacam Pistoleiro (Smith), Arlequina (Margot Robbie) e com o seu desejo doentio pelo Coringa (Jared Leto). É aí que o filme já começa com os seus trunfos e desleixos, pois se Smith cumpre bem o seu papel, principalmente com boas motivações dramáticas, a origem da relação dos dois palhaços do crime poderia ter sido mais bem elaborada. Ao invés disso a apresentação de ambos é muito rápida e fazendo a gente desejar mais pela presença dos dois juntos em cena.
Portanto, quem esperava por mais cenas de Jared Leto como Coringa, pode se decepcionar, mas ao mesmo tempo ele nos convence de que cumpriu o seu trabalho em criar um Coringa diferente do que já foi visto antes. Não espere por algo digno de Oscar, pois o roteiro e tempo dado de projeção não lhe dá essa oportunidade para tal feito, mas podemos pelo menos torcer para que ele retorne num futuro novo filme do Batman. Quem se saiu melhor é Margot Robbie com a sua versão de Alerquina, pois atriz soube compreender a essência, o que é a personagem e criando então uma mulher louca, imprevisível e incompreensível, pois não há muita lógica na origem desse amor que ela sente pelo psicopata palhaço.
Apesar dos citados acima serem a alma do filme, é bom salientar que os outros personagens se destacam, mesmo com pouco tempo em cena como já havia dito. Magia (Cara Delevingne) é uma personagem trágica, cujo seu primeiro visual em cena se destaca. Infelizmente, parece que os roteiristas quiseram elevar o seu poder e transformando ela numa mistura de vilã dos Caça Fantasmas com a Maligna de He-Man. O resultado são efeitos visuais formando o visual da personagem, mas que soam desnecessários para trama e que não precisava necessariamente disso.
Outro que se destaca é El Diablo (Jay Hernandez), talvez, com as motivações mais bem apresentadas na trama Com um passado trágico, o personagem se encontra deslocado no grupo, pois não quer se envolver e tão pouco busca uma redenção pelo que já fez. As circunstâncias fará para que ele aja em ação e gerando bons momentos no filme.
Mas estamos falando de um grupo formado para derrotar perigos contra humanidade. A meu ver, esse perigo quando surge é o que menos importa, pois nos interessamos mais pela interação desses personagens um com o outro e como eles saberão trabalhar em equipe, quando na realidade eles não estão nem ai em salvar a humanidade, até certo ponto é claro.  Quando o grupo é jogado numa cidade para enfrentar determinado mal, curtimos a criação gradual da união da equipe e os momentos de pausa onde eles revelam o outro lado de suas personalidades: a cena em que todos param para beber num bar e colocar para fora as suas dores é minha parte preferida do filme.
Quando então os personagens precisam agir para sobreviverem, as cenas de ação são eficazes, mas não espere por nada glorioso, mas sim um clima meio pé no chão com relação a elas. Dito isso, quando a trupe precisa encarar a entidade do mal da trama, eis que é um momento que oscila entre eficaz e desleixo, pois os efeitos visuais aqui, por vezes, se tornam o verdadeiro vilão da trama e que poderiam ter sido, não bem elaborados, mas sim apresentados em menor grau. É o calor humano do grupo que é a melhor coisa do filme e não é efeito visual que irá substituir ou melhorar isso, mas é um assunto que, infelizmente, os produtores da Warner ainda não entendem ou não querem saber.
Mesmo com os seus  altos e baixos, Esquadrão Suicida é um filme com potencial para atrair um grande público, mas se tivesse sido 100% melhor elaborado, aí sim o céu seria o limite para esses personagens vilanescos, porém, humanos.
 

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