Josh Trank havia impressionado o mundo com o filme Poder sem Limite, em
que mostrava o lado bom e o lado ruim de jovens que, da noite para o
dia, adquirem poderes infinitos. Muitos compararão o filme com a obra
prima japonesa Akira e, devido a isso, o cineasta foi logicamente
sondado por outros estúdios para ser diretor de alguma adaptação de uma
HQ. Trank foi então convidado pela Fox para dirigir a nova versão de
Quarteto Fantástico e muitos logicamente esperavam por uma grande dose
de verossimilhança e qualidade adulta na história, o que infelizmente se
perde na reta final do longa, mas isso eu explico mais adiante.
É
bem da verdade que, as raízes do sucesso, que transformaram esses
personagens conhecidos no mundo todo através das HQ estão todas lá na
adaptação. A primeira uma hora é um verdadeiro deleite, pois não
presenciamos um filme de super heróis exatamente, mas sim jovens comuns
que se conhecem, trabalham juntos num projeto, mas que dá tudo errado e
se transformam em super seres. Com isso, o filme é mais do que uma mera
aventura, mas sim um filme de ficção, onde a ação fica e muito em
segundo plano e dando espaço para um desenvolvimento melhor para os
personagens.
O entendedor de Quarteto Fantástico irá perceber que
tudo está lá: o trágico destino de Bem como Coisa e Richard (Miles
Teller) se culpando por isso; Johnny Storm (Michael B. Jordan) como o
garoto rebelde e com grande desejo de aventura; Susan (Kate Mara) como a
garota inteligente, mas tímida e Victor Von Doom (Toby Kebbell), um
grande gênio, mas com ambição e um alto grau de inveja contra Richard.
Além disso, Quarteto sempre foi mais do que um grupo de super heróis,
mas sim também a primeira família heroica das HQ e na adaptação isso é
muito bem fortalecido nas palavras do pai de Johnny e Susan,
interpretado com competência por Reg E. Cathey (House of Cards).
Mas a
partir do momento que os personagens adquirem os seus poderes, é ai
então que o filme se perde e muito. Não que os efeitos visuais dos
personagens usando os seus poderes sejam ruins, muito pelo contrário,
mas dá a nítida impressão que saímos de um filme e entramos num outro
completamente diferente. É aí nesse momento que dá a impressão que o
cineasta Josh Trank fica no piloto automático e o estúdio comanda a obra
e acreditando que sabe o que está fazendo.
Como se já não bastasse,
se o filme leva uma hora na apresentação, no desenvolvimento e na
transformação dos personagens (algo similar em filmes como Batman
Begins) seria mais do que lógico haver mais tempo de projeção, para
assistimos os personagens então em ação. Ao invés disso, tudo é muito
corrido, do final do segundo ato para o terceiro e derradeiro, e é aonde
que o filme se perde de vez. Basta dizer que, no momento que surge
Victor Von Doom transformado em Doutor Destino, tudo se torna um mero
protesto para os heróis se unirem e combatê-lo.
O problema está
justamente no Doutor Destino, um personagem de grande potencial, mas que
aqui é completamente desperdiçado e suas motivações são tão artificiais
que causam vergonha de se ver e ouvir. Tudo então se enlaça nos
derradeiros minutos de ação e efeitos visuais, mas que são mal
desenvolvidos e em poucos minutos de cena. Se a intenção era fazer um
filme de ficção e não necessariamente de aventura desenfreada, então ela
nem se quer precisavam existir.
Ao termino da projeção, a sensação
de que eu tive foi de muita frustração, pois no princípio estava
admirando e curtindo um filme que eu estava assistindo, mas que logo se
transformou numa aberração e que não tem nada a ver com a sua proposta
inicial. De quem são os culpados por isso? Do diretor? Estúdio?
Roteiristas? Isso agora é o que menos importa!
Pelo menos, Quarteto
Fantástico talvez venha a servir de exemplo sobre o que não se pode
fazer num tipo de produção como essa. Um filme que começa de uma forma
tão boa, mas termina de uma forma lamentavelmente ruim.
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