Eu Nasci em 1980 e, por conta disso, tenho algumas lembranças das Diretas Já, como eu assistindo na TV e vendo inúmeras pessoas carregando uma imensa bandeira em Brasília. Também me lembro claramente do funeral de Tancredo Neves, embora não tinha total noção do porque de tanta tristeza naquele momento que as pessoas estavam passando. No decorrer da década, assisti pela TV o governo de José Sarney definhando e a entrada de Fernando Collor de Mello no poder e gerando uma das maiores crises da nossa história.
Felizmente, isso não fez morrer a década de 80 que, para mim, foi uma das melhores décadas, aonde musica, filmes, séries e programas de TV viviam a sua era de ouro e nos fazia a gente se esquecer dos problemas e das mudanças que estávamos vivendo. Na realidade vivíamos numa transição, onde a Ditadura estava morrendo e dando reinício à república, após vinte anos perdida. O filme Depois da Chuva, dirigido por Claudio Marques e Marília Hugues sintetiza muito bem isso, ao retratar o dia a dia de um grupo de jovens daquele tempo que, estavam adormecidos, mas será que estariam prontos para essa nova realidade?
Ao que dá entender, percebemos que os personagens descobriram uma espécie de ferida aberta, da qual há muito tempo não cicatrizava, mas curá-la não era dos caminhos mais fáceis. Além de focar a história dos jovens daquele tempo, o filme conseguiu, com certa delicadeza, passar uma aura poderosa, nunca deixando cair no banal, ao criar uma teia de eventos que tornam a trama mais prazerosa de se assistir. O uso de arquivos reais daquele período, não só sintetiza aquela transição de mudanças, como também nos faz comparar com a nossa política atual, mídia e propaganda, da qual (em parte) comprova o quanto as coisas mudaram de lá para cá.
Ao que dá entender, percebemos que os personagens descobriram uma espécie de ferida aberta, da qual há muito tempo não cicatrizava, mas curá-la não era dos caminhos mais fáceis. Além de focar a história dos jovens daquele tempo, o filme conseguiu, com certa delicadeza, passar uma aura poderosa, nunca deixando cair no banal, ao criar uma teia de eventos que tornam a trama mais prazerosa de se assistir. O uso de arquivos reais daquele período, não só sintetiza aquela transição de mudanças, como também nos faz comparar com a nossa política atual, mídia e propaganda, da qual (em parte) comprova o quanto as coisas mudaram de lá para cá.
O personagem principal Caio (Pedro Maia), estudante secundário, tem 16 anos e mora numa cidade de Salvador. Estamos em 1984, no auge das Diretas Já. Logo no início do filme, um discurso sobre a democratização do país é rapidamente cortado, para nos levarmos a uma escola de classe média, onde a notícia de que finalmente ocorrerão eleições livres na associação estudantil do colégio. Porém, diante de um futuro que trará liberdade e boas possibilidades, seja ela política ou cultural, o protagonista opta pela rejeição desse otimismo, pelo impasse e por não saber definir com relação ao que quer com essa nova realidade.
Caio se encontra na anarquia, no protesto, na tentativa de fazer o que pensa e passar isso para as pessoas, que ainda se encontram presas numa era que não existe mais naquela escola. Em meio a isso, ele se aprofunda no que gosta, desde a ler, falar e protestar numa rádio pirata, como também se entregar na descoberta de certos prazeres da vida. O público de cá sabe o que aconteceu ao longo dos anos até o nosso presente, mas o ato final passa uma sensação de apreensão, aonde os personagens se encontram de frente com um futuro do qual eles desconhecem totalmente.
Política, cultura, moda e religião vão mudando sempre, mas a incerteza sempre está lá com relação ao amanhã. A história de Depois da Chuva, pode até se passar na metade dos anos 80, mas é o melhor filme brasileiro recente que soube captar essa imparcialidade que o povo brasileiro vive atualmente.
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