Espetacular. Mind-blowing.
O novo filme de Alfonso Cuarón, com Sandra Bullock e George Clooney, é um marco cinematográfico. O enredo pode aparentar certa banalidade, mas é visualmente arrebatador.
George Clooney é Matt Kowalski, um experiente astronauta que está em sua última missão espacial para consertar o telescópio Hubble, juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Durante a manutenção, recebem de Houston a ordem para abortar a missão, pois um satélite russo fora destruído por um míssil e os destroços criaram uma reação em cadeia, destruindo outros satélites e gerando uma nuvem que corre em alta velocidade na órbita da Terra destruindo tudo à sua frente. Ao serem atingidos, a Dra Stone é jogada no espaço sideral, sem condições de se estabilizar, sem referência, sem comunicação com a Terra e perdendo oxigênio rapidamente. Ao ser resgatada por Kowalski, ambos iniciam uma corrida por sua sobrevivência, pois os destroços logo voltarão a atingi-los.
Este thriller de ficção científica é o mais realista filme espacial de todos os tempos, pois ele trabalha dentro das regras da física: no espaço a vida é insustentável, não há som, não há oxigênio e nunca se sabe para onde a gravidade irá te jogar. Assim, além da comunicação por rádio, o único som é a atemorizante trilha sonora de Steve Price, que consegue compor magnificamente para cada momento da exibição. Nos minutos calmos e aparente paz no espaço, sua trilha é tocante e revigorante, demonstrando certa influência de John Williams; nos momentos de fúria, a uma certa perturbação na composição que me lembrou as trilhas de Hans Zimmer, com quem trabalhou em Batman Begins.
Apesar de uma cativante e tradicional atuação debochada de George Clooney, Sandra Bullock é a estrela do filme, mostrando novamente que é muito mais que uma atriz de comédia... O curioso foi terem usado efetivamente somente os dois como atores. Os demais só aparecem em voz ou foto. Ed Harris, é a voz de Houston conversando frivolidades com os astronautas. Entretanto, o ápice do filme são os efeitos visuais. O filme chegou a criar certa dúvida entre críticos, jornalista e espectadores se algumas imagens não foram realmente captadas no espaço, ao que o Cuarón respondeu ironicamente “Sim, nós levamos câmeras para o espaço. Estivemos lá por cerca de três meses e meio. Fiquei muito zonzo durante os ensaios”, o que gerou diversas piadas na internet [fonte].
A fotografia do filme e a composição da edição são estonteantes. Assisti-lo em IMAX e 3D foi uma experiência arrebatadora. Em certa ocasiões foi possível ter a sensação de que a sala também girava e o desconforto gravitacional era sentido nas mais confortáveis poltronas.
Um dos sonhos de infância de Alfie (Cuarón) era ser astronauta. De certo modo ele realiza seu sonho demonstrando o quão perigoso pode ser uma simples missão espacial. A composição da história, de seu início ao desfecho final é de um realismo sem precedentes, mas ainda preservando alguns elementos chave para a composição filosófica do roteiro: o herói de jeito cowboy e a mocinha estudada e recatada; dramas do passado que vêm à tona e o desejo de um futuro próspero; medo e esperança. Há uma cena linda, tocante, que remete ao renascimento, em que a personagem de Bullock consegue se proteger na base espacial e gira em posição fetal, com o espaço e todo o temor do que há lá fora... permitindo ao espectador recuperar o fôlego, pois ainda há muito pela frente.
O filme é realmente fantástico e realmente recomendo que seja assistido em um cinema, pois não sei se uma televisão conseguirá transpor a mesma experiência. Assistam o trailer abaixo para ter uma ideia do poder deste filme.
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