Junte Wall-E, Independence Day, Matrix e outros filmes de ficção científica, coloque tudo num liquidificador, bata muito bem, adoce com uma trilha sonora épica e você terá Oblivion, do diretor e roteirista Joseph Kosinski (de Tron: o Legado).
Na mitologia do filme, em 2077 a Terra foi atacada por alienígenas que destruíram a Lua. Os efeitos foram catastróficos: terremotos e tsunamis mudaram completamente a superfície do planeta. Em sua defesa, os seres humanos teriam ativado todas as suas ogivas nucleares para destruir os invasores extraterrestres.
Com a Terra inabitável pela radiação, os humanos estariam se mudando de vez para Titã, uma lua em Saturno. Enquanto isso, Jack Harper (Tom Cruise) é um dos remanescentes reparadores dos drones - robôs que protegem as plataformas que sugam água do mar, fonte da subsistência da raça humana na longa viagem pelo sistema solar.
Para a defesa contra os saqueadores (que seriam os alienígenas sobreviventes à Guerra), ele conta com o apoio de Vicktoria (Andrea Riseborough), a companheira que lhe foi designada. Ambos tiveram sua memória apagada para a segurança de sua missão, mas Harper tem sonhos como se fossem memórias de antes da Guerra, principalmente sobre outra mulher .
Em uma de suas missões, ele vê uma nave caindo na Terra e descobre 5 sobreviventes em cápsulas de sono. Imediatamente, os drones aparecem e eliminam 4 deles, mas Harper consegue salvar um, misteriosamente a mesma mulher de seus sonhos (Olga Kurylenko). Na tentativa de saber quem ela é e porque os drones atacaram humanos, acaba sendo capturado pelos saqueadores e descobre que estes são, na verdade, humanos sobreviventes à guerra, um grupo rebelde. Beech (Morgan Freeman) é o líder e apresenta novas questões e um caminho para as respostas a Harper. A partir daí, ele busca entender mais sobre si mesmo e o que aconteceu de verdade.
Acabei de apresentar toda essa introdução, para ilustrar o quanto de história, aparentemente confusa, é jogada ao espectador até metade do filme, mas não se preocupe, tudo é explicado e o roteiro não deixa furos. O filme funciona, pois apresenta dois elementos da filosofia socrática primordiais para qualquer boa história: "O Mito da Caverna" - o debate sobre o que é real - e o "Conhece-te a ti mesmo" - a busca do verdadeiro eu.
Conforme a sinopse oficial, Tom Cruise estrelaria em Oblivion, um filme original e inovador. O filme é bom, com ótimos efeitos e uma excelente trilha sonora, mas, no fim, fica a sensação de "mais do mesmo". O figurino, futurista para Cruise, e uma mistura de Mad Max com Matrix para Freeman, dá um ar de clichê ao filme e recai sempre nisso: a cada cena o espectador percebe a influência de outros filmes. Quanto às atuações, prevaleceu a mediocridade, ou seja, ninguém se sobressai, não há um empenho maior de Tom Cruise ou dos coadjuvantes.
A meu ver, o que realmente se destaca é a trilha sonora (abaixo) composta por Joseph Trapanese e Anthony Gonzalez, com participação do M83. Há uma tenacidade épica, embebida por efeitos eletrônicos que remontam às grandiosas trilhas de Vangelis, principalmente a de Blade Runner e, me parece, uma certa influência de Hans Zimmer (do Batman de Chris Nolan), dando um ar retrô para a temática futurista. Nesse sentido, a produção foi muito feliz, pois o filme aborda constantemente o contraste de tecnologias de um futuro próximo e daquilo que já foi o ápice, como uma vitrola eletrônica para discos de vinil.
Como disse, o filme é bom, sem falhas de roteiro, mas o tom épico morre com uma história cheia de clichês e um final a la Independence Day [ops... spoiler]. Pouco provável que haja alguma continuação, visto que não foi deixado nenhum gancho aparente para isto. Confira o trailer abaixo.