25 de maio de 2012

MIB 3 (Homens de Preto 3, 2012)

A convite do Clube do Assinante Zero Hora, estivemos na pré-estreia de mais uma sequência de Homens de Preto.

Quinze anos atrás o primeiro MIB virou um sucesso estrondoso por seu senso de humor aguçado, mas despretensioso, e por atuações carismáticas de um Tomy Lee Jones inexperiente em comédias e um Will Smith em ascensão. Há dez anos, com mesmo diretor e elenco, uma sequência não muito inspirada foi realizada e poderia muito bem ter sido o fim das aventuras dos agentes 'J' e 'K'. Porém, esse ano, nos deparamos com uma terceira parte ainda mais fraca e carente de um roteiro envolvente. Independente de sua bilheteria estar enfrentando o mamute “Vingadores”, a produção deve registrar bons números.

A história começa com uma premissa interessante: o veterano agente K (Tommy Lee Jones) e seu parceiro, o agente J (Will Smith) estão sob a supervisão da agente O (Emma Thompson), quando há uma emergência. O alienígena Boris, o Animal (Jemaine Clement), escapou de uma prisão de segurança máxima na lua. Ele é o último membro de sua raça e nutre um ódio terrível pelo agente K, visto que lhe decepou um de seus braços no passado. Seu plano: voltar no tempo e matar K antes que isso aconteça. 
A produção se apoia em três eixos básicos assim como os outros capítulos da franquia: aventura, comédia e um pouco de drama. Nem um deles funciona. A aventura é insípida e você não se importa realmente com a trama, ainda que sejamos lembrados a todo momento que a vida de um dos protagonistas está em jogo. O drama basicamente repousa sobre uma reviravolta forçada no final da trama e no relacionamento de longa data entre personagens tão distintos como J e K. Esse ângulo está fora de foco no clima do filme e qualquer emoção transmitida pelos protagonistas é rasa e não chega a emocionar a audiência.
Entratanto, esses seriam defeitos menores se recebêssemos o que realmente viemos ver: comédia. E não se enganem, MIB 3 é um filme sem graça, porém graças ao carisma de Smith, Jones e Josh Brolin (aqui interpretando uma versão mais jovem do personagem de Jones) você demora a notar isso. MIB 3 é o tipo de filme que você até dá uma ou duas risadas durante a projeção, mas passada meia-hora você já não lembra de mais nada engraçado sobre o filme.

A interpretação de Brolin, praticamente imitando Tomy Lee Jones, está sendo bastante elogiada e é tão perfeita que alguns acusaram a produção do filme de ter feito Jones dublar Brolin. Isso provavelmente não foi o que aconteceu e realmente estamos acompanhando uma imitação inspirada, mas de forma nenhuma talentosa. Brolin parece tão preso ao padrão definido por Jones que, enquanto o mais velho consegue interpretar um irascível e ranzinza agente, o jovem não consegue dar vida a um personagem essencial à trama, ficamos presos com essa imitação, o que contribui para essa sensação de um filme sem “alma”.


21 de maio de 2012

PLANO DE FUGA (Get The Gringo, 2012)

Em Plano de Fuga, Mel Gibson interpreta um criminoso veterano que foge dos Estados Unidos para o México e acaba preso por policiais corruptos. Ele é levado para uma prisão federal conhecida como El Pueblito, largada nas mãos de traficantes que controlam tudo como se fosse uma cidade. Enquanto pensa num jeito de escapar e reaver o dinheiro roubado pelos policiais, o ‘gringo’ precisa se adaptar e sobreviver ao lugar, além de ter que se livrar do traficante de quem ele roubou nos EUA. Para tudo isso ele vai contar com a ajuda de um garoto de 10 anos que mora no presídio junto com a mãe. 

A prisão é repugnante e mostra toda a degradação de uma sociedade brutalmente marginalizada. Pior que uma favela, o local parece um acampamento de refugiados no meio do lixão. Tudo parece sujo, fedorento e amarelado. As pessoas são ‘grudentas’, viciadas em drogas e promíscuas, enquanto os traficantes se divertem à vontade junto a militares e governantes em um bordel particular dentro da cadeia. A direção de arte fez um excelente trabalho, literalmente de “dar nojo”, com o perdão do trocadilho.

Enquanto roteirista, Gibson mostra que mesmo num lugar tão deprimente é possível encontrar esperança e é assim que seu personagem inicia sua reforma íntima, tentando salvar o garoto e a mãe. Como diz o velho ditado “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”; Gibson se apega nesse conceito para transfigurar seu personagem num herói.
A obra é a estreia de Adrian Grunberg como diretor, quem tem larga experiência como assistente e se mostrou capaz de assinar este projeto. No controle de atores pouco conhecidos ele se sai muito bem, mas o que importa aqui é a desenvoltura de Gibson num filme com mais cara de thriller do que ação propriamente dita, apesar de ter cenas de forte impacto visual. Destaque para o tiroteio no meio da prisão que parece ter saído diretamente de um western.
Um novo despertar (2011) foi, na minha opinião, uma das melhores atuações de Mel Gibson. Entretanto os fãs estavam sentindo falta de algo mais emocionante, com o jeito bad guy de Gibson, como Thomas Craven em O Fim da Escuridão (2010), mas neste filme ele está mais parecido com Porter, seu personagem em O Troco (1999). Divertido, ridículo, valentão e charmoso são as características típicas da maioria dos personagens de Mel Gibson e tudo isso pode ser encontrado no Gringo. 

Não é o melhor do mundo, mas é um bom entretenimento. De 0 a 10, eu diria 7,5. Divirtam-se com o trailer abaixo, confiram o filme e até a próxima! 


7 de maio de 2012

Mercenários 2 - novo trailer

Atenção machões, o filme mais neandertal do cinema atual ganhou uma sequência que está ainda mais brutal. The Expendables 2, traz os mais renomados atores de filmes de ação hollywoodianos em um mais uma trama desimportante, mas cheia de efeitos visuais.

Silvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Jean Claude Van Damme, Chuck Norris, Dolph Lundgren, Terry Crews, Randy Couture e Liam Hemsworth são os principais nomes deste novo episódio dos Mercenários.

Como diria o Vinício Oliveira, só mesmo o Stallone para fazer um filme de ação com cara dos anos 80 e atores dos anos 80. Curtam o novo trailer, abaixo, e aguardem, a previsão de estreia é agosto de 2012.

3 de maio de 2012

Curso MARTIN SCORSESE – CINEMA, FÉ & VIOLÊNCIA

Cena Um é uma produtora cultural especializada na promoção e realização de cursos, palestras e oficinas de Cinema e Televisão. Neste próximo sábado, dia 5 de maio, será realizado um curso sobre o grandioso cineasta Martin Scorsese, em Porto Alegre, com o crítico Rodrigo Fonseca. Estamos avisando "em cima do laço", mas ainda há tempo de se inscrever. Segue abaixo a descrição do curso, enviada pela produtora. Eu estarei pessoalmente lá e em breve escreverei sobre o tema. Se você está nas redondezas de Porto Alegre e curte o cinema de Scorsese, participe!

Curso MARTIN SCORSESE – CINEMA, FÉ & VIOLÊNCIA
  • Datas: 5 e 6 de maio
  • Horário: 9h30 às 12h30
  • Local: Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (Rua Andradas, 959 – P. Alegre)
  • Investimento: R$ 80,00 (valor promocional de R$ 70,00 para os primeiros 10 inscritos)
  • Material: Apostila + Certificado de participação
  • Informações: cenaum@cenaum.com / Fone: (51) 9101-9377


MINISTRANTE

Rodrigo Fonseca
  • Jornalista e produtor editorial. Trabalha como repórter e crítico de cinema do jornal O Globo.
  • Professor da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu desde sua fundação, em 2007.
  • Escreveu os livros “Meu compadre cinema - Sonhos, saudades e sucessos de Nelson Pereira dos Santos” e “Cinco mais cinco - Os melhores filmes brasileiros em bilheteria e crítica”, em co-autoria com Carlos Diegues e Luiz Carlos Merten. É editor do blog Cinema Curto, sobre cinema e publicidade.

O cineasta Martin Scorsese é apontado como um dos maiores realizadores do cinema norte-americano em atividade. Com uma carreira de mais de 50 anos, Scorsese construiu uma filmografia elogiada pelos críticos, respeitada pelos diretores e admirada pelo público.

Este cineasta, uma das maiores referências do cinema mundial contemporâneo, será tema do curso “MARTIN SCORSESE – CINEMA, FÉ & VIOLÊNCIA”, ministrado em Porto Alegre pelo crítico de cinema Rodrigo Fonseca.

No meio cinematográfico Martin Scorsese pode ser chamado de “artista completo”. Ele escreve, produz, dirige e ainda eventualmente também atua. Com uma carreira extensa e consistente, o cineasta foi responsável por alguns dos melhores filmes norte-americanos, desde os anos 70: Caminhos Perigosos; Taxi Driver; Touro Indomável; Os Bons Companheiros; Os Infiltrados.

Com formação típica de um cinéfilo (que assume com orgulho), Scorsese em seus anos de formação foi um espectador atento e assíduo nas salas de cinema. Conheceu o cinema europeu e sua “política de autor” num período em que os grande estúdios de Hollywood se curvava à criatividade dos diretores independentes. Admirador de outros cineastas (coisa rara entre os diretores) Martin Scorsese aprecia com paixão o que de melhor o cinema clássico teve a oferecer. Hoje ocupa o posto de gênio inspirador e referência para muitas gerações de realizadores.

CONTEÚDO PROGAMÁTICO

a) Bons companheiros andam de táxi: os gangsteres, os federais e os desvalidos na obra de Martin Scorsese.

b) As tentações de um cineasta que crê: as visões da religião em "A Última Tentação de Cristo", "Kundun“ e "Vivendo no Limite”.

c) Marty vérité: contracultura, música e história da arte cinematográfica aos olhos do diretor do documentário "Shine a Light".

* Durante as aulas serão exibidos trechos de filmes de Martin Scorsese.



1 de maio de 2012

SHAME (2011)

Um homem, depois de uma emocionante e violenta briga com sua irmã, sai em plena madrugada para satisfazer a única necessidade carnal que lhe causaria morte por abstinência: sede por sexo. Em um bar, entre duas ou sete doses de whisky, seduz uma mulher ao ponto de introduzir dois dedos no que, até então, estava escondido por uma saia tão pornográfica quanto a situação. Bêbado, cansado, machucado pelos socos que levou do namorado da mulher que agora a pouco citei, e ainda sedento por luxúria, entra numa casa noturna para gays, e lá se entrega a condições sujas e repugnantes em troca de um orgasmo. Não satisfeito, termina o resto da sua madrugada num quarto com duas prostitutas, numa mistura de gemidos, pernas e pelos, que seria impossível de entender.

Esta é apenas uma das chocantes cenas do maravilhoso filme “Shame” (2011, Drama, Reino Unido), dirigido por Steve McQueen, mesmo diretor do impactante "Hunger", e estrelado pelos sensacionais Michael Fassbender e Carey Mulligan. A película conta a história de um homem de sucesso, bonito, jovem e rico, mas que parece viver para patrocinar o seu vício por sexo. Masturbando-se, transando com conhecidas, desconhecidas, prostitutas e garotos de programa, ou até mesmo admirando a sua coleção infinita de revistas pornográficas ou vídeos de sexo em seu computador, este homem vai levando a sua vida da maneira que aprendeu: dando ração ao animal que vive em si. Mas a sua falsa paz muda quando a sua irmã mais nova e depressiva chega para passar “um tempo” com ele.
Filmes como o que aqui vos descrevo não deveriam ser vistos por aqueles que, de alguma forma, possuem uma sensibilidade elevada. Aqui não há eufemismos. Aqui não há peneira. O que “Shame” apresenta é a realidade podre e nefasta da instabilidade da condição humana. O que se percebe neste filme, e que a direção conseguiu de forma clara e sem rodeios, é que, entre uma masturbação e outra, entre uma prostituta e um michê, este homem viciado em sexo, no final das contas, representa todos nós. Para a sociedade somos trabalhadores sucedidos e recatados, mas em nossas madrugadas nos reduzimos à face animalesca humana e nos tornamos os hipócritas que somos, com nossos vícios, segredos e intimidades. Todos temos peculiaridades pessoais com as quais lidar e, assim como ele, sofremos. No seu caso, o que deveria ser desejo, tornou-se dor. Ele não faz sexo essencialmente para satisfazer desejos, faz muito mais para extirpar uma dor que não sabe de onde vem, como vem, porém que sabe existir.

Michael Fassbender, neste filme, faz jus ao reconhecimento que tem recebido. Com toda a beleza que lhe é notória, neste filme só conseguimos percebê-lo como alguém tão normal quanto nós. E é aí que está o seu mérito. Não há erotismo aqui. Não há excitação. Há um corpo nu, como o meu e o seu, e uma mente doente, que ganha brilho com o seu talento. Mas não haveria a perfeição cênica sem a presença marcante de Carey Mulligan como sua irmã publicamente alegre, porém secretamente depressiva. Um show de atuação, que ganha o ápice na interpretação linda e lacrimejante que faz da música “New York, New York”.
Enfim, este é o resultado do trabalho extraordinário feito pela equipe neste filme. Um drama que choca, dá nojo e enjoa, mas que também é elétrico, avassalador e emocionante, além de mostrar uma elegância tórrida que chega na altura grandes filmes que mostram como que a arte é, na verdade, a reprodução artificial, porém visceral, da vida.


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