4 de novembro de 2011

Casa dos Sonhos (Dream House, 2011)

Ainda há espaços para surpresas quando se vai ao cinema. Nos últimos dias, desde que fiquei sabendo que iria na premiere de "Casa dos Sonhos", através da nossa parceria com o Clube do Assinante ZH, pesquisei sobre a produção americana e confesso que fiquei desapontado. Críticas ruins, briga do diretor com o estúdio e sérios problemas de marketing pareciam condenar o filme a um fracasso antes mesmo que qualquer pessoa pudesse assisti-lo. Isso me convenceu de que eu veria um filme com graves defeitos, mas não foi bem isso que aconteceu.

Mas antes disso, vamos tratar dos problemas que acometeram o filme antes mesmo da estreia. Durante a produção, o diretor Jim Sheridan entrou em diversas brigas com a produtora Morgan Creek, a respeito do formato do roteiro e da produção do longa. No fim, o diretor, e os atores Daniel Craig e Rachel Weis, ficaram tão desapontados com o produto final que se recusaram a promover o filme. Infelizmente esse não foi o último dos problemas a ocorrer com a produção, pois em meio a toda essa polêmica, um trailer foi lançado que "entregava" o principal mistério do filme. Houve quem dissesse que foi uma tentativa por parte do estúdio de sepultar o filme de vez como vingança pelas divergências com Sheridan. Essa teoria parece ser reforçada pela preguiçosa campanha de marketing do filme que tem três grandes astros de Hollywood, Daniel Craig, Rachel Weisz e Naomi Watts, e não coloca nenhum deles em um cartaz tão pobre que lembra qualquer produção "b" atual menos o bom filme que se propõe a anunciar.

Com todos esses contras eu posso dizer que me surpreendi com a qualidade do filme. Há momentos ótimos. Craig entrega uma excelente interpretação, se mostrando bem mais frágil do que a "persona" normalmente arrogante que ele deixa transparecer na maioria de seus outros trabalhos. Weisz é uma boa atriz, mas esse não é um filme no qual ela se destaca e todos os outros personagens e atores da trama são subaproveitados.
"Casa dos Sonhos" exala oportunidades perdidas. Ao sair do cinema eu e minha noiva tínhamos certeza de ter assistido a um bom filme que poderia ter sido genial. Em 20 minutos de conversa chegamos à conclusão que vários plots e reviravoltas poderiam ter sido aproveitados e deixado a trama mais intensa, mas simplesmente foram deixados de lado em favor de cenas mais "digeríveis" para o grande público.

Jim Sheridan é um diretor experiente e dono de um currículo que inclui os ótimos Entre Irmãos, Em Nome do Pai e Meu Pé Esquerdo. É muito provável que os lampejos de genialidade que permeiam o filme sejam obra dele e que os infelizes momentos de falta de criatividade do roteiro sejam fruto da interferência direta do estúdio. 
A história em si começa no clássico "casa com passado sombrio", mas evolui para um thriller psicológico-sobrenatural muito mais interessante. Eu não vou dar mais detalhes do que isso, pois não é necessário e já que, quanto mais informação da história, menor a diversão no cinema.

O que vale a pena comentar é que o filme merece ser visto. Na avaliação geral é um produto mediano, mas tem momentos inspirados e que nos deixam pensando até que nível essa produção poderia ter chegado caso não tivesse se despedaçado ainda na fase de produção.



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