21 de março de 2011

Não me Abandone Jamais (Never Let Me Go, 2010)

Esse foi um filme que superou minhas expectativas. Profundo, sutil, e instigante - "Não me Abandone Jamais" certamente vai gerar boas discussões entre aqueles que forem ao cinema. Assim como em "Os Últimos Passos de um Homem" (1995) e "Menina de Ouro" (2004), esse filme mistura de forma inteligente uma história de amor com uma discussão de profundo cunho moral.

O filme acompanha a amizade de três crianças que frequentam um internato rigoroso no interior da Inglaterra, no final da década de 70. Eles são isolados do mundo externo: uma vida sem escolhas, mas com um objetivo bem definido. A história percorre quase três décadas, seguindo os amigos da infância até a vida adulta.

É melhor não revelar o objetivo real dos personagens, pois isso acabaria com o principal chamariz do filme. É suficiente, no entanto, dizer que trata-se de uma premissa bem diferente de qualquer outra história. É fácil sentir pena dos protagonistas e imaginar o que eles poderiam alcançar na vida se não estivessem presos a um futuro que eles não escolheram. Ao longo da vida eles sofrem uma lavagem cerebral intensa e acabam não lutando para mudar uma trajetória tão trágica. Triste, revoltante, otimista - é interessante como esse filme consegue unir emoções tão distintas e nos fazer refletir sobre como o futuro dos personagens poderia (e deveria) ser completamente diferente.

Eu fiquei curioso para ler o livro que deu origem ao filme e descobrir como o diretor transformou as descrições do romance original em imagens tão surpreendentes. As atuações também são um ponto alto, pois os atores caracterizam muito bem um grupo pessoas capazes de se apaixonar apesar do fim cada vez mais próximo.

Por mais que eu quisesse uma narrativa com um final claro e bem definido, eu acho que o filme faz justiça ao deixar os espectadores no escuro. Isso permite pensar e interpretar sobre o que virá pela frente, para cada um dos personagens do filme. "Não me Abandone Jamais" desafia o espectador a encontrar uma interpretação por trás das belas imagens e do relacionamento entre os personagens, e descobrir uma imensidão de significados e temas. Acima de tudo, trata-se de uma história muito bem feita sobre amor, perda, individualidade e os limites da vida.


Ficou curioso sobre o filme ou já assistiu ele? Comente!



Um comentário:

Hanns Schults disse...

Realmente fiquei curioso pelo filme e agora depois de ler a crítica tenho certeza que vou ver esse filme o quanto antes! Parabéns pelo texto!

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